Uma lição de respeito

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Essa semana um jornal que circula na cidade de São Paulo trouxe uma entrevista com os lixeiros da capital e um deles dizia que o ‘paulistano é preguiçoso’ ao justificar o motivo pelo qual ele e seus quase 3 mil colegas sofrem perfurações, cortes e até mordidas de cães.
A declaração dos profissionais me fez lembrar algo que a minha mãe me ensinou há alguns anos quando eu abri uma pote de leite condensado e estava jogando no lixo a lata aberta. Minha mãe disse: filha coloca a tampa pra dentro pra não machucar a mão de quem for mexer no lixo.
Confesso que naquela hora imaginei que era excesso de bondade da parte dela. Pois ninguém se preocupa com quem mexe no lixo, seja coletores da prefeitura ou quem trabalha com reciclagem. Aliás, ambas as profissões sofrem preconceitos.
Lembro também que um argumento que alguns professores na escola usavam para ‘incentivar’ meus colegas a estudar era o famoso “se você não estudar você vai virar lixeiro”, como se a profissão fosse menos digna que qualquer outra atividade.
Diria que para o tamanho da cidade de São Paulo, os lixeiros têm uma importância sem par, pois são eles que livram o município das 15 mil toneladas de detritos que produzimos todos os dias. Mesmo assim, mensalmente cerca de oito trabalhadores da coleta se acidentam no trabalho nas zonas sul e leste. Por ano, isso equivale a 6,4% dos 1,5 mil lixeiros que trabalham na área.
A maioria dos casos de acidente no trabalho desses profissionais decorre do descuido da população, que, ao colocar objetos cortantes e perfurantes nos sacos com detritos, não os embala corretamente, deixando os trabalhadores vulneráveis a acidentes. Minha mãe estava certa, precisamos deixar a preguiça de lado e fazer a nossa parte para evitar acidentes.
Não era excesso de bondade da parte dela, o que minha mãe queria me ensinar era uma lição de respeito. Respeito por quem trabalha por mim, levando o lixo que produzido para os aterros da prefeitura. É isso que muitas pessoas precisam aprender.
Sempre que for colocar o lixo na rua preste atenção se os objetos cortantes estão embrulhados de forma que não fure o saco; espetos, seringas, agulhas e lâminas precisam ser colocados dentro de uma garrafa peti; não deixe o lixo nas grades da sua residência, coloque-o para o lado de fora e não esqueça de prender seu cachorro. São dicas simples que podem fazer toda a diferença.

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Um comentário Adicione o seu
  1. Lição de respeito que também aprend com minha mãe…
    Foi uma vez pra eu carregar isso pra sempre…
    Toda vez que vou colocar cacos de vidro ou coisas cortantes na lixeira coloco dentro de recipiente para proteger os garis!

    Sobre a fala do professor, também quero protestar. Desde de pequeno eu tinha esse raciocínio! “Porque eles dizem isso? Os lixeiros são piores…?”
    Abraço garota! Ótimo post!

  2. Muito legal seu post!!!! De verdade!
    Minha mãe tbem me educou assim. Copo quebrado,enrolado num jornal…nada de jogar os vidros espalhados no saquinho. E as minhas professoras usavam a profissão de lixeiro, para os menos estudiosos.
    A verdade é que nossos valores são sempre trocados. O que é bom de verdade é sempre inferiorizado. Tem que ser muito digno e guerreiro, pra ficar correndo atrás do caminhão, com sacos pesados e fedorentos. O mínimo que a população pode fazer é colaborar.
    Outra coisa que acho medonha e mesquinha é aquele povo que joga lixo no chão e ainda diz, que está colaborando para que os garis tenham seus empregos preservados. Raciocínio ridículo e dobrado.

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