No mês de junho meus tios maternos fizeram, como de custume, um pequeno arraial para a família. Em volta da fogueira ficamos brincando com as crianças e conversando. Um dos meus tios começou a lembrar de histórias antigas e uma delas se refere a “surras” que minha avó já aplicou neles.
Acho legal contar essa história até para fomentar essa discussão em torno do projeto de lei que proíbe palmadas pedagógicas. Meu tio Zé o mais velho dos homens e o terceiro filho de um casal que teve 12 e adotou a 13ª, lembrava que um dia ele estava paquerando as vizinhas e uma delas disse que estava com vontade de comer manga.
Ele e mais dois amigos, para matar a vontade de moiçolas, resolveram pular o muro do vizinho e trazer a fruta desejada. Na primeira vez deu tudo certo. Mas as folgadinhas quiseram mais mangas. E lá foram eles se aventurar no terreno alheio.
Mas nessa segunda vez não tiveram exito. O vizinho acordou e os encontrou em cima da árvore. Sem pensar duas vezes levou os meninos até suas casas e imaginem o barraco que foi. Minha avó pegou meu tio e o levou para dentro de casa, acordou os outros dois filhos homens que estavam dormindo e deu uma “surra” nos três.
Depois que o choro cessou ela explicou que eles estavam apanhando porque o Zé estava roubando frutas do vizinho e que era para os outros dois nunca fazerem o mesmo. A lição foi aprendida.
Anos mais tarde minha avó foi chamada na escola, meu tio ‘Tizio’ (já falecido) estava faltando às aulas e a professora queria saber o motivo. Minha avó ficou assustada porque ele saia todos os dias para a escola e ela nem desconfiava que isso estava acontecendo. Foi aí que ela descobriu que ele estava cabulando para jogar bolinha de gude com os amigos que moravam perto do colégio.
Nesse dia ela não esperou chegar em casa. Encontrou o espertinho e o castigou na rua mesmo. Nessa hora passa um policial e diz: Dona, a senhora não precisa bater tanto no menino. E daí vem a resposta mais sábia que já ouvi e que dá base para o meu ponto de vista nessa polêmica:
– Estou batendo nele hoje, para que o senhor não precise fazer isso amanhã!
Meus avôs não tinham um boa condição financeira, mas com essa educação severa criaram as melhores pessoas que eu conheço. Meus tios e tias hoje são empresários, profissionais bem sucedidos, pais exemplares e atribuo isso às lições que eles tiveram. Todas as vezes que erraram eles foram corrigidos.
Acredito que a correção por palmadas é certa. E não digo isso porque foi a filha que menos apanhou aqui em casa (ehehe), mas digo porque aprendi vendo minhas irmãs serem castigadas. E isso está na Bíblia (Provérbios 22:15 ; 23:13). Sem contar que ‘só conversar não adianta’, foi estas as palavras de uma vizinha ao dizer que se arrepende de não ter batido nos filhos.
Obviamente que sou contra o espancamento e a favor da conscientização sobre os abusos, mas não só contra o abuso dos país sobre os filhos. Porque existem muitos direitos que as crianças e os adolecentes tem garantidos no ECA que infelizmente não são cumpridos nem pelas famílias, nem pelo Estado. E isso também precisa ser debatido e solucionado.
Vamos educá-las e garantir os direitos necessários para que se tornem pessoas de bem!